Fernando
Elevado ao Quadrado
Desembarquei em Lisboa
no dia de Santo Antônio - feriado em Portugal. Pelos subúrbios dançava-se a
“roda” o que chamamos aqui de quadrilha. Muito colorido, música e comida típica
associada aos vinhos locais. Da sacada do hotel pude observar o vai-e-vem
frenético das pessoas à rua. Muita alegria no ar. É sempre uma grande satisfação
respirar o ar lisboeta e principalmente comer suas sardinhas na brasa. Fui
andando pelas ruas antigas antes visitadas-ainda a mesma emoção- o Bairro Alto -
descendo ao Chiado num plano inclinado cheio de turistas barulhentos. A poucos
passos dali fui dar a Casa Fernando Pessoa, um museu que é paragem obrigatória
para aqueles cultuadores da língua portuguesa. Mergulhei aí nesse universo por
muitas horas.
“A pátria é a língua
portuguesa” - Assim ficou célebre a frase deste escritor português. A obra gigantesca
de Fernando Pessoa foi traduzida em mais de trinta línguas pelo mundo. Na
verdade a gente sempre descobre um algo mais toda vez que lemos os poemas do
nosso agrado – “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
No
dia de Santo Antônio, 13 de junho de 1888, nascia Fernando Antônio Nogueira
Pessoa, no bairro onde hoje tem a sua estátua, no Largo de São Carlos. Vida
intensamente vivida, se bem que um tanto curta, pois veio a falecer em 1935 aos
quarenta e sete anos de idade.
Fernando Pessoa e Fernando de Bulhões. O
que têm eles em comum? Bem, ambos nasceram na cidade de Lisboa. Em épocas
distintas. Sendo pessoas igualmente idolatradas pelos portugueses. O primeiro, conhecido e declamado poeta, e o segundo, cujo nome não bate na memória da gente,
é o verdadeiro nome de Santo Antônio. Fernando de Bulhões, nome de batismo do
santo franciscano, antes aluno do Seminário de Coimbra. Conta a história que viajando
ao Marrocos sob uma tremenda tempestade a embarcação do religioso desviou-se a
Pádua na Itália. Aí, nesta cidade, veio a falecer em 13 de junho de 1231. Um
ano mais tarde veio a ser canonizado – Santo Antônio. Apesar de ter nascido em
Lisboa não é entretanto o seu padroeiro mas sim São Vicente. Mas, a adoração
popular é tão grande, que o santo é tratado como se assim o fosse.
Portugal é uma aventura
e mexe com a nossa imaginação. Janelas medievais, roupas a secar nas sacadas,
cortina rendada nos vitrais. A gente vê aí a grata presença dos casarões da
nossa cidade do Salvador e suas luzes parecem se acender à nossa passagem.
Estar em Portugal é estar em casa. Voltarei sempre, oportunamente.
Amália
Grimaldi – Escritora e Artista Plástica
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