quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Tundras macias do mundo lilás

Quanta paixão
Sem medo de ser feliz
Sinto-me grata – Merecida
Impensável possibilidade de aí estar
Onde nunca estivera
Tundras macias do mundo lilás
Especial, aliás – Contento-me
Tanto faz aqui ou no estrangeiro
Meu pai era um padeiro galego
E meu avô cuidava da vela acesa
Para que não se apagasse
A sua Sefarad ao retorno
Seu tempo de ferro fundido
E da sua portinhola aberta ao lilás.
(Orense, Espanha, 2000)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A fragilidade dos biscoitos

Notei. Senti o cheiro bom
E um ruído arrasador que me levaria
Às mangas daquele quintal
Esfarela-se a última
Coluna - Sustentadora
De onde se estivera em criança
Eu e elas
E a fragilidade tentadora
De nossos biscoitos amanteigados

As meninas gêmeas da Casa da Torre
Seriam avós assim que nem eu
E as outras meninas nunca mais as vi
Mas ainda sinto o cheiro bom
Das mangas do seu quintal.

A bem do sétimo dia...

Por onde Ser

Ser este pequeno enorme grão
Que se ia – Um menos quê
Tinha mais um quê
Um quê a mais para germinar
E crescer para se deixar
Morrer depois – A bem do sétimo dia
Resquício do elemento genial
Feito em pequenas contas
Canto do tempo deste crescente quando
Um tempo que parecia perdido
Corrido na clepsidra que se partia
E não por acaso que se via verde
O broto da vez
Deste seu – Por onde Ser.

Obcecada pelo mito

Por onde segue esta ave
A outra seria sinônima
Nome de estrela homônima
Ou nome de parecida senhora
Estampa máscara nos dentes
Siracusa – Sonhei um dia aqui estar
Não fosse obcecada pelo mito
Não mais aí retornaria
Hoje aqui amanhã talvez
Mas para que tanto alarde?
Hoje aqui amanhã talvez
O que me espera ao anseio
Nem velho nem moço
O longe que vejo perto
Evaporado eflúvio
Levante de vida cósmica.