quarta-feira, 10 de julho de 2013

A serviço do arroz


A serviço do arroz

 

Ressentida talvez.

A que ninguém mais queria

Terminou por se perder

Sim. Porque quando caíram todas

Exceto esta. A que resvalou na voz ao desvão

De rancorosa dúvida posterior

Empenada, rancorosa

A familiar gaveta dos talheres

Ora range em seu caixilho torto

Sobre o dorso dessa restante

Areada alpaca de zelos

Antes a serviçodo arroz

Colher requisitada o  bastante

Ainda carrega na voz o rumor que me diz

Mãos ressentidas – na porção regulada

Forma completa de insatisfação.

Gaveta tão visitada

Revistada, e tão desarrumada!

No vibrar de seus metais polidos  

Ouço a glória do bem servir.

Na algaravia de muitos garfos e facas

Os guizos de melodia feliz, de quimera festiva

Rotina da antiga casa de meus avós maternos

Em Valença, na Rua do Cais do Porto.

(de Meus Poemas-Amália Grimaldi)
 

 

 

 

 

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